Mundo da pá virada

De virar e desvirar pás se constrói o mundo!

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De que paz o mundo necessita?

Fiz essa imagem para publicar em outro blog, queria falar da paz, essa coisa subjetiva que parece estar em falta no mundo; pelo menos é o que se conclui ao ouvirmos pessoas aqui, ali e em todos os cantos. Bastou um lapso de tempo para eu virar a pá de cabeça pra baixo e vir aqui refletir sobre essa tal paz de que todos falam. Não sou alienada o bastante para ver o mundo cor de rosa, porém não posso deixar-me levar por uma espécie de pessimismo necessário nos nossos dias de imprensa alarmante e ávida por audiência. Existem guerras, sim, porque existem homens tolos. Existe violência urbana, sim, porque existem homens amorais. Existem atos terroristas, sim, porque existem homens tomados por uma cegueira sepulcral. Existe violência doméstica, sim, porque existem homens ignorantes. E a lista de violências não é curta, seguiria linhas e linhas, mas para isso existe uma imprensa (eu disse uma imprensa, não toda ela), impaciente para reportar/alardear esses casos com minúcias por vezes inescrupulosas. O que eu pretendo mesmo é pensar um pouco a respeito dessa tal paz. Não a paz perseguida por ativistas, religiosos, famosos, anônimos e mais uma porção de gente sem rótulos (se é que elas existem). A paz a que tento me referir é aquela que a gente sente (ou não sente, no caso de estar em falta). Sentir a paz é que me parece um desafio maior. Sentir paz com o que se é, com o que se tem, com o que se come, com o que se veste, com o que se lê, com o que se diz, com o que se pensa, com o que se sente etc etc etc. Não imagino, sinceramente, que seja possível a um ser humano, ainda que bem intencionado, pregar a paz ou trabalhar por ela, sem sentir a paz. E este sentir é individual, não é coletivo. Sinto a paz e automaticamente este sentir extravasa de mim e atinge o outro, de alguma forma perceptível, mesmo que seja através de um “não-ato”, ou seja, se sinto paz, não tenho o ímpeto de reclamar de tudo, de alterar o tom de voz por motivo qualquer, de brigar por tudo e por nada, de olhar feio para quem quer que seja, enfim, enfim, enfim. Sinto a paz e fico na minha; o ímpeto é de ser generoso, de ser atencioso, de ser comedido, de ser gentil e amável e tudo o mais que aumente essa sensação de deleite da paz, ou manifestação da paz que eu sinto verdadeiramente. Aí eu me pergunto como é que alguém pode pensar em sentir a paz sendo bombardeado por tantos apelos de todas as ordens. Imperativos atuais, que parecem ser para todos, como a aquisição de bens (não qualquer um, e sim aqueles determinados por instâncias invisíveis); a adesão a certo estereótipo (não qualquer um, mas aquele que poderá render certas relações pessoais desejadas); o cumprimento de rituais, como os de beleza, os tecnológicos (muito em voga em tempos de redes sociais), dos religiosos (nem sempre sinceros, siga-se de passagem). Tudo bem, entendo que parte considerável dessa engrenagem é que paga nossas contas, que não são poucas, além de que desempenham papel significativo na questão do pertencimento, porém imagino que deva haver da nossa nossa parte uma visão clara desse terreno em que estamos pisando e por onde somos levados a caminhar … afinal, estou errada ou tem coisa demais sendo imposta a nós pobres mortais? Esses assuntos todos estavam presentes em outros tempos, entretanto quero olhar apenas o nosso tempo, este em que somos e estamos. E estamos praticamente perdidos. Sobre este assunto eu recomendo a leitura, bem interessante, do artigo Ostentação, de Márcia Tiburi, publicado no blog filosofia cinza, da própria autora. Voltando ao nosso estado de perdidos em busca de qualquer paz, qualquer que seja, desde que seja paz, vamos entender que paz buscamos.

Por: Danielle Arantes Giannini

Leitura recomendada: blog de Márcia Tiburi – http://filosofiacinza.wordpress.com

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