Mundo da pá virada

De virar e desvirar pás se constrói o mundo!

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Para ler: TRAMAS DA NOSSA VIDA

Eis a chave do bem viver: pensar, sentir e agir por si, mas sobretudo pelo outro, quem quer que seja, onde quer que esteja, pois ele pode estar ainda que indiretamente no traçado da nossa vida. (Blog Dores & Ganhos)

https://doreseganhos.wordpress.com/2017/07/16/tramas-da-nossa-vida/

Um caminho para as mentes raivosas

mãos que tecem

o tecido da paz

 

Não consta que uma mente seja perversamente violenta 24 horas por dia. Tento crer que todo ser humano tenha a capacidade de ser pacífico e bondoso, mesmo que muitos deles o sejam somente por breves instantes. Quero dizer com isso que ninguém é somente mau. Isso me alenta, mas não resolve o problema. De que problema estou falando? Da violência que está em todo canto. Não só aquela violência escancarada, de mãos armadas, de mísseis, de fogo e gases, mas sobretudo aquela que não tem aparência, não tem corpo, nada de forma palpável, a violência psicológica. Ela existe, manifesta-se todos os dias no ambiente de trabalho, nas ruas, nos lares, entre casais. Difícil de detectar, mais difícil ainda combater. Praticada por mentes perversas, porém fracas, posto que visivelmente seu agente é um sujeito inseguro, que precisa impor-se pela força da chantagem emocional. Tenho ouvido relatos frequentes dessa violência. Escutei há não muito tempo o caso de uma mulher com seu pretendente e fiquei passada. Dizia a moça que o homem, homem maduro, fazia questão de deixar claro que ela era carente e precisava de um companheiro como ele, e sob pretexto de cumprir seu papel de homem ideal, impunha-lhe o que deveria fazer, até a roupa que era adequada para a vítima, sempre alertando para o risco de o perder caso não se vestisse apropriadamente, já que ele não se imaginaria convivendo com uma mulher que usasse roupas de garota. Parece uma conversinha tola entre duas pessoas apaixonadas? Não é. Nada há de tolo nesse episódio. É grave. É perverso, repito. É desrespeitoso. Tanto quanto o chefe que hostiliza o funcionário que não julga ideal, ou o indivíduo que suborna, ou o desconhecido que impõe a urgência de suas necessidades (ou desejos), valendo-se de vantagens sociais, intelectuais ou de força física. Quantas facetas tem a violência! Apesar disso, continuo crendo que ninguém é violento o tempo todo, e esta talvez seja a brecha para se tecer a paz, a harmonia, o respeito. Quem sabe isso possa evitar cenas absurdas como a que me narraram hoje em que uma comissária de bordo foi verbalmente agredida aos berros por um passageiro assim que lhe dirigiu um “bom dia, senhor”; o indivíduo respondeu com um punhado de grosserias, que a coitada custou a entender. Ele se referia à espera demasiada no saguão, segundo me relatou um conhecido que era passageiro no mesmo voo.  Eu me pergunto os motivos para tanta raiva na mente dessas pobres criaturas. Temos todos raiva momento aqui momento ali, mas o controle dessas emoções é de nossa responsabilidade, ou não teremos mais o direito ao título de “civilizados”. E qual é o caminho? Como se faz para cessarem os ataques verbais nas redes sociais? Os xingamentos no trânsito? As chantagens aos maridos, esposas, filhos, pais? Todos parecem armados nesses dias. Armados de raiva, de impropérios, de impaciência. Então o caminho é o desarmamento emocional para conter o ataque e o revide. Significa preparar as pessoas para controlarem suas ações e reações, e isso só pode ser feito verdadeiramente de uma forma, através do altruísmo. O “colocar-se no lugar do outro”, entender e aceitar que o outro sente e dispor-se a sentir o que o outro sente. Acredito que existe possibilidade, sim, para isso, se forem aproveitadas aquelas brechas psicológicas,  quando o sujeito deixa de ser perverso por alguns instantes. Não é tarefa simples com adultos, não é impossível. Seres humanos gostam de moda, que seja então difundida a moda do altruísmo; as mídias e seus produtos culturais podem ser o caminho. Com crianças é menos dificultoso, ainda que demande paciência, para o que também a mídia pode ser útil difundindo personagens, ídolos, além da útil colaboração da escola. Enfim, caminhos existem, mas nesse mundo parece que estão todos da pra virada. Sem perder a esperança, vamos seguindo para tecer a paz.

Danielle Arantes Giannini

 

Coreia Coreia

coreia-do-sul-bandeira

Bandeira da Coreia do Norte

Taí incongruência sem igual na atualidade. Duas Coreias e uma só, partida ao meio, coisa sem nexo. A razão de tudo é torpe, banal, é puro egoísmo, egocentrismo, recheado com crueldade, insensibilidade, insanidade mesmo, de líderes  anacrônicos. Seria bizarro, mas é triste que pessoas da mesma nacionalidade (ou mesmo que não fosse) estejam separadas por barreiras ilógicas, umas desenvolvendo-se a plenos pulmões, capitalistas, altivas e altas, bem nutridas e atualizadas; outras, do outro lado do muro que não há, desprovidas de tudo, de dignidade, de humanidade, de alimento, de luz elétrica, de cidadania, de saúde, enfim, de tudo tudo que se possa imaginar; são seres sem sonhos, sem projetos, sem água quente para o banho. Um ou outro que consegue escapar para o lado de lá conquista uma liberdade “mais ou menos” porque carregarão sempre o estigma de serem do Norte; e mesmo com os meses de “adaptação” à nova vida, são mais franzinos porque não se alimentaram adequadamente, sofrem com o déficit de aprendizagem que os impede de terem as mesmas oportunidades de estudo e emprego que os irmãos do Sul, além do preconceito. Não tem cenário para isso no mundo atual, não cabe uma barbárie desse naipe num planeta que luta para descobrir curas para doenças sérias e demonstra certo esforço para acabar com a fome e salvar a água e promover a igualdade (salvo casos numerosos de blá blá blá de certos dirigentes políticos, certos empresários e certas instituições não-governamentais). Ainda se falam de mísseis, bombas etc e tal quando os pesquisadores correm atrás de “infinitobytes” de capacidade de armazenamento de dados. Esse mundo só pode ser da pá virada, meio capenga, meio sem sentido, meio sem rumo, meio desenvolvido, meio esquisito.

De que paz o mundo necessita?

Fiz essa imagem para publicar em outro blog, queria falar da paz, essa coisa subjetiva que parece estar em falta no mundo; pelo menos é o que se conclui ao ouvirmos pessoas aqui, ali e em todos os cantos. Bastou um lapso de tempo para eu virar a pá de cabeça pra baixo e vir aqui refletir sobre essa tal paz de que todos falam. Não sou alienada o bastante para ver o mundo cor de rosa, porém não posso deixar-me levar por uma espécie de pessimismo necessário nos nossos dias de imprensa alarmante e ávida por audiência. Existem guerras, sim, porque existem homens tolos. Existe violência urbana, sim, porque existem homens amorais. Existem atos terroristas, sim, porque existem homens tomados por uma cegueira sepulcral. Existe violência doméstica, sim, porque existem homens ignorantes. E a lista de violências não é curta, seguiria linhas e linhas, mas para isso existe uma imprensa (eu disse uma imprensa, não toda ela), impaciente para reportar/alardear esses casos com minúcias por vezes inescrupulosas. O que eu pretendo mesmo é pensar um pouco a respeito dessa tal paz. Não a paz perseguida por ativistas, religiosos, famosos, anônimos e mais uma porção de gente sem rótulos (se é que elas existem). A paz a que tento me referir é aquela que a gente sente (ou não sente, no caso de estar em falta). Sentir a paz é que me parece um desafio maior. Sentir paz com o que se é, com o que se tem, com o que se come, com o que se veste, com o que se lê, com o que se diz, com o que se pensa, com o que se sente etc etc etc. Não imagino, sinceramente, que seja possível a um ser humano, ainda que bem intencionado, pregar a paz ou trabalhar por ela, sem sentir a paz. E este sentir é individual, não é coletivo. Sinto a paz e automaticamente este sentir extravasa de mim e atinge o outro, de alguma forma perceptível, mesmo que seja através de um “não-ato”, ou seja, se sinto paz, não tenho o ímpeto de reclamar de tudo, de alterar o tom de voz por motivo qualquer, de brigar por tudo e por nada, de olhar feio para quem quer que seja, enfim, enfim, enfim. Sinto a paz e fico na minha; o ímpeto é de ser generoso, de ser atencioso, de ser comedido, de ser gentil e amável e tudo o mais que aumente essa sensação de deleite da paz, ou manifestação da paz que eu sinto verdadeiramente. Aí eu me pergunto como é que alguém pode pensar em sentir a paz sendo bombardeado por tantos apelos de todas as ordens. Imperativos atuais, que parecem ser para todos, como a aquisição de bens (não qualquer um, e sim aqueles determinados por instâncias invisíveis); a adesão a certo estereótipo (não qualquer um, mas aquele que poderá render certas relações pessoais desejadas); o cumprimento de rituais, como os de beleza, os tecnológicos (muito em voga em tempos de redes sociais), dos religiosos (nem sempre sinceros, siga-se de passagem). Tudo bem, entendo que parte considerável dessa engrenagem é que paga nossas contas, que não são poucas, além de que desempenham papel significativo na questão do pertencimento, porém imagino que deva haver da nossa nossa parte uma visão clara desse terreno em que estamos pisando e por onde somos levados a caminhar … afinal, estou errada ou tem coisa demais sendo imposta a nós pobres mortais? Esses assuntos todos estavam presentes em outros tempos, entretanto quero olhar apenas o nosso tempo, este em que somos e estamos. E estamos praticamente perdidos. Sobre este assunto eu recomendo a leitura, bem interessante, do artigo Ostentação, de Márcia Tiburi, publicado no blog filosofia cinza, da própria autora. Voltando ao nosso estado de perdidos em busca de qualquer paz, qualquer que seja, desde que seja paz, vamos entender que paz buscamos.

Por: Danielle Arantes Giannini

Leitura recomendada: blog de Márcia Tiburi – http://filosofiacinza.wordpress.com

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